Nossas Crianças

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Sempre trabalhei em equipes, sendo parte integrante delas. Minha trajetória profissional foi consolidada em redações de agências de notícias, jornais e emissoras de rádio e tv. Nestes espaços, nem que você queira, consegue se isolar e trabalhar sozinho. Primeiro porque há barulho. Nas redações estamos sempre falando ao telefone e discutindo as pautas em ambientes compartilhados. Normalmente em voz alta. Para focarmos no que precisamos realizar individualmente, desenvolvemos um mecanismo de concentração em meio àquela agitação, curiosamente a mesma que é parte fundamental da composição de uma atmosfera fervilhante de troca constante de idéias e tomadas de decisão. O segundo motivo pelo qual não se trabalha sozinho no jornalismo (no tradicional, nas redações) é que a engrenagem exige cooperação. Mesmo em tempos de profundas transformações estruturais no mercado, com redações mais enxutas e profissionais cada vez mais multifuncionais, é preciso de todos para “embalar”  a notícia: o jornal, o programa de rádio e ou de tv, o portal na internet. Na engrenagem da maior parte das empresas, mesmo as que têm apenas 2 integrantes, independentemente da atividade, é assim. E isso é positivo.

Quando saí da redação, passei a trabalhar sozinha, em home office. Quer dizer, achei que trabalharia sozinha, mas isso nunca aconteceu. Ainda bem. Como consultora e prestadora de serviços, boa parte da produção intelectual passou a ser gerada na tranquilidade do meu escritório, mas as decisões continuam a ser compartilhadas com o cliente e com parceiros envolvidos no trabalho. E sigo exercitando os verbos ouvir, acolher, sugerir, fazer, admitir (erros), refazer, entregar. A diferença é que muitas vezes não estamos mais juntos no mesmo espaço físico, facilidade que o mundo virtual nos oferece. Mas o princípio da cooperação e do trabalho em equipe permanece inabalável. E aqui tomo emprestadas as palavras atribuídas a um provérbio africano para reforçar esta crença.

“It takes a village to raise a child”, em tradução livre para o português “é preciso de uma aldeia para educar uma criança”. Expressão amplamente utilizada quando se pensa os processos de educação, ela dá sentido à ideia de que a formação dos indivíduos não depende apenas dos ensinamentos que partem da família, mas de múltiplas experiências que temos ao longo da vida, em interação uns com os outros e com o meio em que vivemos. Acredito que isto se aplique não apenas à formação pessoal de todos nós, mas também ao que somos capazes de produzir juntos nos ambientes de trabalho. Cada um traz consigo vivências particulares que, oferecidas à apreciação de outros e somadas a outras vivências semelhantes ou diversas, tornam-se complementares e têm impacto no resultado final, nossas “crianças” no universo do trabalho.

Tive a sorte e o merecimento de fazer parte de times comprometidos e  que muito somaram à minha formação, seja como funcionária de empresas ou prestadora individual de serviços. Incríveis aldeias que geraram e educaram crianças das quais muito temos que nos orgulhar. O vídeo e as fotos que acompanham este post estão aqui para ilustrar meu entendimento sobre o trabalho em equipe: nada se faz sozinho. O vídeo foi produzido como uma brincadeira à época da produção da série de entrevistas veiculadas no Canal Futura para o projeto “Por que democracia?”. Fica registrado também como um sincero agradecimento a todos que caminharam comigo até aqui.

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